quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

ENTREVISTA COM JOÃO DÓRIA JR.

João Doria Jr., do PSDB, quer ficar conhecido como “João dos Bairros”. Aos 58 anos de idade, o empresário, que chegou a apresentar o reality show O Aprendiz, quer ‘demitir’ o prefeito Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2016. Para assumir a cadeira do petista, e se cacifar como o nome do PSDB na disputa, Doria tenta tomar o “banho de povo” que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a legenda precisava.
Sentado em uma das salas do edifício-sede do Grupo Doria, na zona oeste de São Paulo, vestindo uma camisa branca com o monograma azul-escuro “J. D. J” no bolso, o empresário recebeu o EL PAÍS neste final de dezembro. Além de ter afirmado que caso eleito não disputará a reeleição ("faremos quatro anos vibrantes que valerão por oito"), o pré-candidato tucano voltou a dizer que doará seu salário de prefeito para instituições do terceiro setor. Além de Doria, o vereador tucano Andrea Matarazzo também já anunciou que quer a vaga do partido para disputar a prefeitura, e o primeiro turno das prévias da legenda, que escolherão o postulante tucano para 2016, estão marcadas para 28 de fevereiro.
Pergunta. Um dos seus adversários na luta pela vaga doPSDB na disputa do ano que vem, o Andrea Matarazzo, tem uma base forte de vereadores além do apoio de caciques do partido. Ele tem a máquina da legenda a seu favor. Isso não o intimida?
Resposta. Ele tem a máquina e eu tenho o sentimento. O sentimento da militância tem sido muito fortalecido nas inúmeras visitas que fiz [aos diretórios do partido]. Nos últimos meses já foram 68 bairros, 51 diretórios, dos 58 do PSDB. Os outros sete visitarei em janeiro. Eu entendo que o Andrea é um bom candidato, que merece respeito, tanto ele quanto um eventual outro que possa vir pela frente, não está fechada essa possibilidade. Mas eu sou muito determinado, e sigo a orientação e a instrução de gastar sola de sapato, amassar barro, ir ao encontro da militância, ouvir mais do que falar, ter contato com eles... E isso está funcionando muito bem.
P. O PSDB costuma ter muita dificuldade no chamado cinturão vermelho da cidade, composto pelos bairros periféricos que tendem a dar ao PT maioria de votos…
R. Primeiro que o cinturão não é mais vermelho. Ele foi, hoje não é mais. A disruptura foi feita não por ação do PSDB, mas por ineficiência na gestão do PT.O desastre da gestão petista no Governo Federal influiu muito na ruptura desse cinturão, na decepção dessa população que vive hoje a amargura do desemprego ou a ameaça do desemprego. Esse eleitorado hoje vive a inflação, são pessoas que faziam compras no mercado com determinado valor e hoje compram menos da metade, e essa decepção rompeu o cinturão vermelho.
O desastre do PT no Governo Federal influiu muito na ruptura desse cinturão
P. Você e o Andrea Matarazzo são empresários. Não teme que esse fato afaste esse eleitorado?
R. A Marta Suplicy [possível candidata do PMDB para a prefeitura] é tão Matarazzo quanto o Andrea. Tão Suplicy quanto a família Suplicy. E nem por isso ela é mal avaliada nas periferias. Ela é uma pessoa com um passado e uma trajetória na qual, contrariando seus dois sobrenomes, foi uma prefeita com boa penetração nas bases populares. Eu não vejo em que sobrenome ou endereço possam comprometer atitudes. E não vejo que seja preciso ter atestado de pobreza para ser bem avaliado pela população mais simples da cidade. É preciso ter propostas, e capacidade de olhar e corresponder ao voto de confiança da população.

NA BRIGA PELO NINHO TUCANO EM SP

Alckmin e Doria Jr.  
João Doria Jr. tem enfrentado uma maratona de segunda a segunda visitando os diretórios tucanos da capital. Essa é a primeira fase da jornada deste pré-candidato à Prefeitura de São Paulo rumo ao Viaduto do Chá: convencer a militância do partido de que ele é uma escolha viável. É uma briga acirrada. Além de Doria, o vereador tucano Andrea Matarazzo também já anunciou que quer a vaga do partido para disputar a prefeitura.
O primeiro turno das prévias da legenda, que escolherão o postulante tucano para 2016, estão marcadas para 28 de fevereiro.  Matarazzo conta com o apoio de FHC e dos senadores José Serra e Aloysio Nunes. Ainda existe a possibilidade de que outro bloco entre na disputa das prévias, encabeçado por José Anibal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB.
Já o empresário conta com o respaldo do governador Geraldo Alckmin, que lhe colocou o apelido de João dos Bairros. "Ao ver as nossas andanças pelos bairros, principalmente pelas zonas de baixa renda da cidade, o governador cunhou uma frase que ficou muito marcada para mim. Ele disse ‘olha, agora você não é mais o João Doria, agora você é o João dos Bairros’. Eu gostei muito".
R. É seguir o exemplo de Mário Covas: ir ao encontro deles, estabelecer compromissos viáveis e não mentir. E buscar fazer uma gestão, quando eleito, muito próxima da população, sobretudo a mais simples e a mais sofrida da cidade. Não existe a menor possibilidade de que, caso eleito, eu seja um prefeito engravatado estacionado dentro do gabinete do Viaduto do Chá. Vai falhar quem fizer isso... Pode ter a maior sabedoria, ser o mais profundo conhecedor da cidade, se fizer isso [ficar no gabinete], vai falhar.
P. Como você avalia a gestão do prefeito Fernando Haddad?
R. Tenho uma relação republicana com o prefeito. Não somos inimigos, somos adversários. Respeito sua trajetória de vida, acadêmica principalmente, é um bom professor. Até aqui me pareceu uma pessoa honesta, com bons princípios, mas não é vocacionado para ser um bom gestor. Ele não é um gestor. É um bom professor ocupando a prefeitura de São Paulo. Como gestor ele falhou, a gestão da cidade não foi boa, e não sou eu quem diz, são as pesquisas que mostram que ele tem uma avaliação muito ruim em todas as classes: A, B, C, D e E.
P. Uma das bandeira dele foram as ciclovias. Como você avalia essa política pública de mobilidade?




R. É uma política acertada, eu vou defender a manutenção das ciclovias. O que eu tenho como crítica é que houve uma implantação acelerada, houve um açodamento nessa implantação com o objetivo de alcançar metas de quilometragem de ciclovias, e nisso vários equívocos acabaram sendo cometidos. Primeiro teve um efeito no custo, o mau planejamento sempre estabelece custos mais elevados. Depois, ciclovia e ciclofaixas colocadas em áreas onde não há ciclistas ou áreas de risco para ciclistas, pedestres, transeuntes e até usuários de outros veículos. Imaginar que em várias áreas da cidade as ciclofaixas estão pintadas em cima de calçadas... Talvez nem ele saiba, porque como ele não frequenta a periferia, ele talvez não saiba que vários quilômetros de calçadas foram pintadas como ciclofaixas. Mas o programa é bom, é uma boa iniciativa e será mantida.
P. Vários municípios e Estados do país, inclusive São Paulo, enfrentam uma grave crise fiscal, não têm dinheiro para investir. Como fazer uma boa gestão sem caixa?
R. É possível. Principalmente fazendo aquilo que o PT não sabe fazer. Não sabe e não gosta de fazer uma gestão enxuta. O PT só sabe fazer gestão gorda e com muitos recursos. Recursos lícitos e recursos ilícitos. Os lícitos são mal aplicados no setor público. Os ilícitos, que deveriam ir para o setor público, vão para o bolso de parlamentares, secretários e tesoureiros do partido, que pautam sua vida de forma irregular, corrompendo a maquina publica e a cidadania brasileira.
A Prefeitura vai vender tudo aquilo que não for essencial para a gestão pública e a assistência à população que mais precisa
P. Mas de onde a Prefeitura pode tirar dinheiro para investir?
R. Eu defendo o Estado mínimo, e vou fazer isso. A Prefeitura vai vender tudo aquilo que não for essencial para a gestão pública e a assistência à população que mais precisa. Vamos começar vendendo o estádio do Pacaembu, o autódromo de Interlagos e o parque de convenções do Anhembi. Numa mostra clara e definitiva de que o Estado não pode e não deve estar onde ele não é necessário. Quem deve administrar estes locais é o setor privado. Vamos vender e vamos vender bem, por valores que representam a dimensão física dos espaços e sua importância. E vamos aplicar os recursos onde são necessários. Principalmente saúde, educação e creches.
P. Caso eleito, qual será sua primeira medida como prefeito?
R. Voltar a velocidade normal nas marginais [Haddad reduziu a velocidade máxima nas vias expressas], para dar uma declaração clara do absurdo que foi feito, da falta de consciência e de planejamento. Isso vai ser uma demonstração clara de mudança e transformação. Nas marginais, as velocidades vão voltar ao que eram antes.
P. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), após a implantação da medida as mortes no trânsito caíram 18,5% no primeiro semestre de 2015…
R. A razão não foi essa. A queda ocorreu fundamentalmente devido à redução sensível do número de veículos transitando nas marginais. A volta da velocidade normal será uma demonstração clara da busca da eficiência de colocar São Paulo na dimensão de uma megametrópole.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

AS PROMESSAS DOS POLÍTICOS

Excelente infograma feito pelo G1 mostra de maneira bem objetiva o que, até então, foi cumprido pelos governadores e alguns prefeitos. Considerando que faz 1 ano de mandato dos atuais governadores, eu considero que as promessas "cumpridas" e "em parte cumpridas" devam, somadas, adquirir um índice de 35%. 
Essa é uma perspectiva minha, uma vez que, são 4 anos de mandato e, em termos diretos, 1/4 dessas promessas devem ser concluídas a cada ano. Como nem todo projeto tem como ser feito nesse prazo, considero que aquilo que já tiver em andamento possa ser somado e esteja a frente desses 25%. Por isso, determinei 35% como uma forma de ver quem está com uma dedicação satisfatória, ao invés de somente, suficiente. 

ACESSE: http://especiais.g1.globo.com/politica/2015/as-promessas-dos-politicos/

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Inflação é desafio de Macri

Buenos Aires -- Há poucos dias na presidência da ArgentinaMauricio Macrienfrenta seus primeiros grandes desafios conforme procura ajustar a combalida economia do país: inflação e recessão.
Em seus primeiros movimentos políticos desde que assumiu o cargo, em 10 de dezembro, o defensor do livre mercado cumpriu suas promessas de eliminar controles de capitais e cortar impostos sobre exportações.
Mas um câmbio flutuante levou o peso a uma desvalorização imediata de 26,5 por cento, tornando produtos importados mais caros, o que vai colocar pressão adicional na inflação, que já está bem acima de 20 por cento.
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Economistas esperam que a inflação acelere para 35 por cento em 2016, corroendo o poder de compra dos argentinos e reduzindo o consumo. Eles projetam que a economia vai encolher nos primeiros seis meses do ano, embora seja possível uma melhora se novos investimentos forem estimulados e um peso mais barato ajudar as exportações.
A Argentina sabe que o peso vinha sendo mantido artificialmente sobrevalorizado e muitos acreditam que as medidas eram necessárias, mas mesmo os apoiadores de Macri estão preocupados.
Conforme Macri abandona essas políticas, ele arrisca jogar a economia em uma recessão e provocar insatisfação entre sindicatos de trabalhadores ligados ao partido peronista que ele acaba de tirar do poder.
"Políticas monetária, fiscal e comercial contracionistas praticadas ao mesmo tempo vão gerar uma redução na atividade econômica no primeiro semestre do ano", disse um relatório da corretora Allaria Ledesma and Co., de Buenos Aires.
Macri acredita que uma mistura de políticas pró-negócios e um governo de austeridade vão permitir controlar a inflação e encorajar o investimento de que a Argentina precisa para crescer rapidamente e criar empregos.
Mas no curto prazo ele tem um problema, e pouco espaço para manobras.
As taxas de juros já são altas, desestimulando investimento. E austeridade significa reduzir subsídios e elevações de salários no setor público, duas medidas impopulares.
Os líderes empresariais da Argentina têm apoiado largamente as primeiras medidas de Macri, mas mesmo eles notam que o plano do presidente dependerá de sua capacidade de controlar a inflação e evitar que o câmbio de desvalorize demais.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Macri implementa sua mudança em ritmo acelerado


Aldana Vales.

Buenos Aires, 20 dez (EFE).- Um pacote de medidas que sacudiram a economia e a polêmica pela designação por decreto de juízes para a Suprema Corte caracterizaram os primeiros passos do governo de Mauricio Macri, que completa neste domingo dez dias na presidência da Argentina.

"Mudança" foi o que Macri prometeu na campanha eleitoral e foi mudança o que, em um ritmo acelerado, chegou ao governo da Argentina no último dia 10 de dezembro.

Macri não perdeu tempo e começou a implementar uma série de medidas que evidenciam o brusco giro na política econômica do país.

A principal diferença com a gestão anterior é a eliminação das restrições à compra de divisas, que ficaram conhecidas como "cerco ao dólar", implementadas pelo governo de Cristina Kirchner em 2011.

Após a liberação, a taxa de câmbio na praça oficial saltou, entre quarta-feira e quinta-feira, de 9,83 pesos por dólar para 13,95 pesos, uma desvalorização de quase 42% da moeda local.

Sem intervenção do Banco Central da Argentina no mercado cambial, o dólar baixou na sexta-feira.

Neste curto espaço de tempo, Macri também reduziu os impostos às exportações de soja, o principal cultivo da Argentina, levando-os do 35% ao 30%, enquanto as vendas ao exterior de carne, cereais como trigo, cevada, milho e girassol e outros cultivos regionais passaram a estar isentas de retenções.

Em um encontro com empresários da indústria, o novo presidente da Argentina anunciou também a eliminação das retenções às exportações industriais.

Além disso, o ministro da Energia e Mineração, Juan José Aranguren, antecipou que diminuirão a partir de janeiro os subsídios aos serviços de gás e eletricidade, o que se verá refletido em um aumento nas tarifas aos usuários.

Ainda não está determinado quanto da desvalorização e do ajuste nas tarifas energéticas passará aos preços, outro tema sensível depois dos anos com a elevada inflação que vem assolando o país.

Para a empresa de consultoria Elypsis, a inflação se situará este mês entre 3,5% e 4%.

Por sua parte, o organismo oficial de estatísticas, duramente questionado por seus dados durante os mandatos de Cristina, trabalha para confeccionar um índice provisório, mas "crível" para medir a alta de preços que estaria pronto nas próximas semanas.

A cena política, que começou tranquila com o chamado ao "diálogo" de Macri e suas conversas com os governadores das 24 províncias argentinas, também se viu sacudida nestes dez dias pela decisão do governo de implementar medidas por decretos.

Na segunda-feira passada, Macri nomeou dois juízes para cobrir as vagas na Suprema Corte, atualmente com apenas três magistrados de cinco que deveriam integrá-la.

Os cargos no Supremo da Argentina são propostos pelo presidente, mas devem ser aprovados por dois terços do Senado.

Com a câmara alta em recesso, Macri escolheu um mecanismo pouco utilizado na democracia argentina e se valeu de um artigo da Constituição que o habilita a nomear os dois juízes de forma provisória até o dia 30 de novembro de 2016.

A medida, embora legal, foi questionada por especialistas, pelos legisladores do kirchnerismo e por representantes da oposição como a deputada de centro-esquerda Margarita Stolbizer, ex-candidata à presidência.

Sem maioria em nenhuma das duas câmaras do Congresso, o macrismo optou por conduzir-se com decretos presidenciais e evitar momentaneamente a convocação de sessões extraordinárias durante o recesso parlamentar que dura até o dia 1º de março.

"Não temos Congresso e há muitas decisões urgentes", justificou hoje o ministro da Justiça, Germán Garavano, em uma entrevista ao jornal "La Nación", na qual antecipou que entre o fim deste ano e o mês de janeiro haverá "muitas medidas por decreto".

Entre essas medidas, Garavano enumerou a suspensão do código processual penal impulsionado pelo kirchnerismo e a transferência à Suprema Corte das escutas judiciais, atualmente sob a órbita da Procuradoria Geral, um organismo ainda liderado por uma funcionária da gestão anterior. 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Nelson Barbosa é o novo ministro da Fazenda

Ele sai do Planejamento para o lugar de Levy
Indicação agrada ao PT e aos desenvolvimentistas
NelsonBarbosa-Foto-Jane-de-Araujo-AgenciaSenado-2dez2015
Nelson Barbosa (esq.) com Renan Calheiros: novo titular da Fazenda tem trânsito no PMDB
A presidente Dilma Rousseff definiu na tarde desta 6ª feira (18.dez.2015) que Nelson Barbosa vai substituir Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.
Barbosa tem 46 anos e até agora era o titular do Ministério do Planejamento. No segundo mandato de Dilma Rousseff, travou uma batalha constante com o seu colega da Fazenda.
Enquanto Levy buscava sempre uma política econômica mais contracionista, Barbosa defendia alguma flexibilidade na meta fiscal (a economia que o governo faz).
Levy sempre quis uma meta fiscal de 0,7% do PIB para 2016. Barbosa defendia algo perto de zero ou uma banda na qual a meta poderia variar. O Congresso acabou aprovando, com anuência do Planalto, uma meta de 0,5%.
Barbosa foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda de 2011 a 2013, quando se desentendeu com o então titular, Guido Mantega, e deixou a função.
Por ter uma visão mais flexível sobre como cortar gastos, Barbosa desfrutou nos últimos meses de boa relação com políticos no Congresso. Tem ótimo trânsito na ala governista do PMDB, liderada por Renan Calheiros, o presidente do Senado.
Joaquim Levy já havia decidido sair do governo há algum tempo. Foi convencido pelo seu ex-patrão, Luiz Carlos Trabuco (presidente do Bradesco), a permanecer na cadeira até o final deste ano.
A nomeação de Levy para a Fazenda se deu depois de uma extensa procura por parte de Dilma Rousseff no final de 2014, quando ela havia decidido substituir o então titular, Guido Mantega.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou para que o nomeado fosse Henrique Meirelles, que havia comandado o Banco Central nos primeiros 8 anos do PT no poder. Dilma rejeitou Meirelles.
A segunda opção foi o nome de Luiz Carlos Trabuco, um consenso entre Dilma e Lula. Mas aí o próprio Trabuco não demonstrou muito interesse e ofereceu um de seus funcionários no lugar –Joaquim Levy.
Levy foi nomeado com duas missões principais. Primeiro, reequilibrar as contas públicas (que apresentavam déficit por causa das políticas compensatórias adotadas por Lula, na crise econômica de 2008/2009, e depois ampliadas por Dilma). A segunda meta de Levy era convencer as agências classificadoras de risco a não tirarem do Brasil o selo de bom pagador. O ex-funcionário do Bradesco falhou nas duas tarefas.
Para Levy, foi difícil atuar num governo no qual não havia consenso a respeito do que ele fazia. Mais de uma vez a presidente Dilma Rousseff não o apoiou em disputas internas. Mas, ao mesmo tempo, o agora ex-ministro da Fazenda tinha dificuldades no relacionamento com deputados e senadores, que são os que ao final decidem como deve ser aprovado o Orçamento.
GUINADA NA ECONOMIA
Ao escolher Nelson Barbosa, a presidente Dilma Rousseff faz um agrado na ala mais à esquerda do PT e em grande parte de seus aliados no Congresso, sobretudo os que defendem uma política mais desenvolvimentista e menos ortodoxa.

O PMDB, principal partido no apoio ao Planalto, está há meses reclamando com Dilma Rousseff a respeito da atuação de Levy. Numa reunião ontem (17.dez.2015) à noite, Renan Calheiros e outros senadores listaram o que a presidente deveria fazer a partir de agora. Uma das recomendações é dar uma “guinada na economia” para promover algum alívio para os brasileiros no início de 2016.

- Por Fernando Rodrigues

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Alckmin declara apoio a João Dória Jr


Em evento com empresários, na casa de Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, o governador Geraldo Alckmin declarou nesta segunda-feira (14) apoio à pré-candidatura de João Doria Jr. a prefeito de São Paulo pelo PSDB. 

"Victor Hugo dizia, João, que nada segura a ideia de que chegou o seu tempo. E eu quero dizer que ficarei muito feliz se esse tempo for João Doria para trabalhar por São Paulo", afirmou ao governador para uma plateia que reuniu nomes como o de Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira, Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, Roberto Klabin e Lírio Parisotto, da Usiminas. 

Em sua primeira declaração pública sobre a disputa interna no PSDB para a candidatura de 2016, Alckmin afirmou que Doria tem "juventude, saúde e disposição". Até então, o governador evitava fazer comentários sobre as prévias do PSDB. Doria disputa a indicação do partido com o vereador Andrea Matarazzo, que tem o apoio de caciques tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra. Os dois estavam na lista de convidados do jantar que Flavio Rocha ofereceu a João Doria, mas não compareceram. 

Os deputados federais Bruno Covas e Ricardo Tripoli, além de José Anibal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, também pretendem lançar um nome em conjunto para a disputa interna. "O João tem uma grande qualidade, que é a dedicação ao trabalho e a política é trabalhar, é prestar serviço às pessoas. Além de ser o homem do trabalho, é o homem do setor privado. Precisamos trazer boas experiências e lideranças da iniciativa privada para ajudar o Brasil", afirmou Alckmin.

OBSERVAÇÃO PESSOAL: Como sabem, no meu último artigo deixei claro que torço pela indicação de João Dória Jr. Dentre os possíveis nomes é o mais qualificado.

sábado, 12 de dezembro de 2015

O começo do fim da aliança com o PT

Cartas, ainda que raras hoje, costumam marcar episódios da República – e essa, apesar do conteúdo que resvalou para reclamações fisiológicas, da velha cobrança por cargos, era simples em sua mensagem principal: anunciava, sem grandes esforços de exegese, a ruptura que se construía havia meses, silenciosamente. 

No papel, Temer colocara as ideias que se consolidaram ao longo do fim de semana anterior, quando sua irritação com Dilma Roussefganhara ainda mais musculatura a cada declaração pública da petista de que “confiava” nele. Gilda apressou-se em transmitir para a tela do computador a mensagem escrita pelo chefe.

Com aquele gesto, o vice dava novos passos num movimento calculado, como um enxadrista que desenha e antecipa os próximos lances. Neles, Temer busca se separar cada vez mais de Dilma. Quanto mais distante fica da presidente, mais próximo fica da Presidência. Faz-se política sobretudo com gestos, e Temer aguardara muito tempo para fazer o seu. A carta, que só faz sentido se feita para ser vazada, embora o vice negue publicamente essa intenção, teve o efeito esperado. É como se Temer reconhecesse em firma seu compromisso e desígnio em suceder a Dilma assim que possível. Era, para muitos aliados, o sinal que faltava para deslanchar em definitivo o impeachment da presidente. 

A partir daquele momento, aqueles que viam em Dilma um problema podiam finalmente ver em Temer uma solução. Os fatos políticos que se seguiram foram provocados diretamente pela decisão de Temer ou por ela profundamente influenciados: a dura derrota de Dilma na eleição da comissão especial do impeachment, a queda do governista Leonardo Picciani da Liderança do PMDB na Câmara e a declaração de apoio da cúpula do PSDB ao procedimento contra a presidente. 

Todos os interessados embarcaram no trem do impeachment. E ele já deixou a estação. A decisão do ministro Luiz Edson Fachin de suspender o impeachment de Dilma faz com que a locomotiva se mova mais lentamente, mas apenas isso. Mesmo os aliados de Dilma admitem que está cada vez mais difícil parar o trem.

Naquela tarde de segunda-feira, acompanhavam Temer em São Paulo seu amigo e ex-ministro Moreira Franco e Elsinho Mouco, publicitário do PMDB. Eles conversaram sobre alguns pontos do documento, e Temer fez as últimas modificações na versão digitalizada por Gilda. Às 16h15, ela foi autorizada a encaminhar, por e-mail, a carta à chefe de gabinete da Vice-Presidência em Brasília, Nara de Deus Vieira. 

A destinatária final daquelas três páginas seria a presidente Dilma Rousseff, mas o conteúdo cheio de mágoa e ressentimento foi divulgado, escancarando a todo o Brasil os atritos acumulados entre ambos nos últimos cinco anos. Às 17h15, Nara entregou em mãos a carta ao chefe de gabinete de Dilma, Álvaro Henrique Baggio, que confirmou o recebimento da mensagem por telefone às 17h34. 

Em questão de segundos, a carta estava nas mãos da presidente, que se reunia naquele momento com seu assessor especial, Giles Azevedo, e com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jaques Wagner (Casa Civil). Dilma disse um palavrão e deixou a carta com Wagner e Cardozo.